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Os Agamas - diferentes cultos do Hinduísmo

Atualizado: 3 de set. de 2020

Namaskar!

Desde que tive contato com o advaita, me interesso muito sobre as filosofias e escolas orientais. O que mais me encanta são os detalhes e as inúmeras possibilidades de culto, os mitos e a sua relação com os dilemas humanos, e assim há muitas histórias pra compartilhar sobre esse amplo universo místico. Para isso, vamos conhecer primeiro sobre os Agamas e consequentemente, nos próximos textos, as belas lições presentes em cada linhagem.


Os Agamas são parte dos smritis, estrutura literária dos Vedas (dos quais falei no post anterior), uma coleção de escrituras de várias escolas devocionais hindus.

Os três ramos principais dos textos Agama são Shaiva , Vaishnava e Shakta.



Os Agamas - diferentes cultos do Hinduísmo - Odara Terra de Cura
Os Agamas - diferentes cultos do Hinduísmo - Odara Terra de Cura

O Shivaismo - culto a Shiva

Shivaísmo é uma das principais tradições do hinduísmo que reconhece Shiva como a suprema divindade, cultuado como imanente e transcendente.


Shiva significa literalmente gentil, amigável, gracioso ou auspicioso. A palavra shaiva significa "relacionado ao deus Shiva".


O Shivaismo é considerada a mais antiga das tradições hindus com uma longa sucessão de sábios e santos que desenvolveram práticas e formas de auto-realização (moksha), como objetivo final.

Como uma religião ampla, o Shivaismo inclui sistemas filosóficos (nas formas monista e dualista)*, rituais devocionais, lendas, misticismo e todos os tipos de práticas de yoga.

Os devotos podem adorá-lo na forma de um lingam, que simboliza a criação/universo. É também adorado como deus dançarino que recebe o nome de Nataraja e realiza a dança chamada Tandava.



Vaishnavismo - o culto a Krishna


Vaishnavismo é uma tradição do Hinduísmo que difere de outras seitas pelo seu culto a Vishnu como a original fonte de todos os avatares. O supremo Deus é conhecido sob diferentes aspectos com os nomes de Narayana, Krishna, Vāsudeva ou como os avatares associados a Vishnu. Trata-se principalmente de uma religião monoteísta, mas não a única.


As suas crenças e práticas, especialmente os conceitos de Bhakti, são em grande medida baseados nos Upanishads e textos Purânicos como o Bhagavad Gita, os Padma Puranas, Vishnu e Bhagavata. O movimento hare krishna é o vaishnavismo predominante no Brasil e incentiva a prática do Maha mantra como o principal método de purificação.


Os Vaishnavas comumente seguem um processo de iniciação (diksha), dada por um guru, sob os quais são treinados a fim de compreender as práticas Vaishnavas. No momento da iniciação, o discípulo recebe tradicionalmente um mantra específico que ele deve repetir tanto em voz alta ou interiormente.


"Basta se aproximar de um mestre espiritual para aprender a verdade. Inquira-o humildemente e preste serviço a ele. Os seres realizados podem transmitir conhecimentos, para vós, porque eles vivenciam a verdade." (Bhagavad Gita).

No entanto, algumas escrituras do ramo Gaudiya Vaishnava afirmam que basta um simples ato de adoração cantando o nome de Vishnu ou Krishna para ser considerado um Vaishnava: “Aquele que canta o santo nome de Krishna apenas uma vez pode ser considerado um Vaishnava. Essa é uma pessoa capaz de praticar a devoção e está no topo da espécie humana." (Chaitanya Charitamrita)


Shaktismo - o culto à Deusa


Shaktismo, ("Doutrina do poder" ou "doutrina da Deusa") é um sistema do Hinduísmo centrado no culto à Shakti ou Devi, a Mãe Divina dos Hindus, como a absoluta realidade transcendente. Trata-se, juntamente com o Shivaísmo, o Vishnuísmo e o Smartismo, de uma das quatro escolas predominantes do Hinduísmo.


O Shaktismo considera Devi (Deusa), como o próprio Supremo Brahman, "um sem um segundo", aceita também todas as outras formas de divindade, que são consideradas suas diversas manifestações. Nos detalhes da sua filosofia e prática, o Shaktismo relembra o Shivaísmo, no entanto, os praticantes do Shaktismo concentram-se na adoração à Shakti, como aspecto dinâmico da Suprema Consciência.


O Saundaryalahari, um renomado hino Shakta de Adi Shankara (800 CE), afirma que

"a união de Shiva e Shakti permeia e sustenta o universo, mas Shiva não pode se manifestar quando dissociado de Shakti, este é um dos princípios fundamentais do Shaktismo”.

Os Shaktas reverenciam à Deusa em seus múltiplos aspectos e cada devoto pode escolher uma forma da Deusa (ishta-devi) como objeto de culto e meditação. Esta opção pode depender de muitos fatores, incluindo a tradição familiar, a prática regional, a linhagem do guru, a ressonância pessoal e assim por diante. Há milhares de formas da deusa, muitas delas associadas a templos, ou às características geográficas ou até mesmo às peculiaridades de cada aldeia. No entanto, todas elas são consideradas apenas aspectos da Única Suprema Deusa, Adi Parashakti.


Essas formas de devoção são maneiras de reverenciar o Ser Divino e é possível compreender um pouco de cada ou mergulhar naquela que tocar seu coração. Seus belos ensinamentos apontam para a nossa origem e explicam suas forças primordiais para aplicarmos com amorosidade no nosso cotidiano. Temos ótimos professores a nossa disposição aqui no Brasil, e qualquer dúvida não deixe de pedir uma indicação. A didática e o contato frequente com o professor, que analisa seu questionamento com atenção, são a base para alcançar a compreensão e assimilação dos ensinamentos.

No próximo post, vamos juntos começar a conhecer e refletir as histórias que dão vida aos agamas.

Um grande abraço!


Por Sahi Devi Gineterapeuta e yogini



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